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quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

*pra lembrar de amor, educação e direito*

escrever pra mim é a forma de existir no mundo. E, por isso mesmo, também acaba sendo grande parte de minha rotina. Escrevo sobre qualquer segundo que me prendeu um pouco mais de atenção; constantemente rabisco as cores, as poesias, os acontecimentos mais inacreditavelmente diários vão parar nas folhas dos meus mil caderninhos. Mas sobre essa despedida, eu enrolei até o último segundo. Tive tanto medo dessa despedida que fui assim, varrendo pro fim do dia, pro fim de semana, pro fim do fim de semana... Mas até o fim do fim chega. Enquanto escrevo e apago essa frase milhões de vezes, lembro que gastei quatro ou cinco folhas do meu caderninho tentando rabiscar sobre isso, mas sempre em vão. É complicado juntar em um texto só tudo que educação é pra mim, ainda mais precisando colocar nesse texto também tudo que sonhos são. Agora imagine um texto em que eu preciso falar de educação, de sonhos, e da pessoa que me ajudou a reencontrar meu sonho, através da educação, num mundo cinza-sério-demais.
 Aos cinco anos eu decidi que seria professora (depois de e decidido ser poetisa sem saber muito bem como se fazia isso). Hoje, aos 20, tenho mais certeza do que nunca: eu serei professora. Um dia, em uma festa do efetivando, me olhei no espelho e concretizei "serei mãe e professora. Não importa onde, não importa de quem", pra nunca esquecer quais são meus maiores sonhos. Em uma aula de direito do consumidor eu percebi que havia encontrado algo com o qual poderia trabalhar no direito, pois foi onde, depois de mundo tempo, redescobri a curiosidade. Foi escrevendo um relatório para sua disciplina, após uma visita ao CEDUC, que eu percebi que trabalhar com infância e juventude é o que me enche os olhos. E, mais uma vez, foi em uma aula sua, dessa vez de Direitos Humanos Fundamentais, já enquanto monitora, foi que a certeza, cortante, decisiva e irrefutável me arrebatou: o único caminho possível para a educação é o amor, porque é somente através dele que podemos enxergar e tocar o outro, e somente por um contato sincero, humilde e humano é que tornamos possível o processo educacional. É somente quando trazemos o outro para perto que conseguimos nos comunicar. Educação é troca, é comunicação. Educação é amor. Educação é coragem: para ser amor, se despir diante do mundo e arriscar sonhar.
Angelo, existem muitas coisas que eu preciso ainda te dizer, sobre o quanto me inspira e me faz crer em mim. Você talvez nem tenha ideia do tamanho da sua importância, para minha pessoa e para meus objetivos profissionais, mas você é pra mim como um farol. Não é âncora, porque sabe que o mais importante do mar é desbravar, e nunca me acorrentaria a só um chão. Também não é mapa, porque entende que meu caminho talvez seja traçado por outras rotas, e talvez nem mesmo o destino esteja certo ainda. Você é farol porque é guia, é referência, é quem nos leva ao porto. O farol é quem buscamos nas noites de tempestade quando as ondas ameaçam virar o barço; é também quem nos dá a tranquila certeza de sua presença nas noites mais calmas, quando apenas decidimos nos afastar da costa para conhecer novos lugares. O farol é a certeza de casa, mesmo quando nos alça a expedições mais longas. O farol é quem diz: navegue, mas não perca a erra de vista. E quando nas confusas ou solitárias noites sem sonho e sem estrelas, perdemos as esperanças, eis que o farol ressurge de um de seus giros, nos lembrando que há esperança.
Em pedagogia da esperança Paulo Freire nos fala do que mais é feita a educação, muito além das receitas e das objetividades, é preciso também tter esperança. E desde que comecei a ler esse livro eu tenho mais certeza que precisamos alimentar as pessoas, não apenas de comida, de condições de vida, de resolução de problemas jurídicos; mas é preciso alimentar a alma das pessoas, colocar gosto, vida, cor, sonho, textura, prazer. É preciso enxergar no outro uma pessoa, e mostrá-la isso. A esperança é como o adubo do campo de sonhos. É quem nos lembra que podemos sonhar. Esperançar (não de quem espera, mas de quem tem esperança) é construir o sonho, é mudar o mundo, é ter a rebeldia de amar. 
Você, farol, pra mim é o reacender da esperança, por acreditar em mim, por perceber aqui outra humana, por acreditar na educação, por ser um educador, por batalhar querendo sempre querer ser - e nisso nos mostrando que nós também podemos - ser mais. 
O farol, em seus ciclos, também nos deixa por algum tempo enquanto alumia o outro lado do mar. Assim como tudo na vida, obedece a fina lei da impermanência. E por isso mesmo, indo e voltando, nos encoraja a desbravar o mar, sabendo que uma hora volta pra nos lembrar o caminho de casa.
Espero que seu novo ciclo seja de aprendizados e ensinamentos, que você conheça, ilumine e seja iluminado por muitas pessoas, que seus passos sejam sempre protegidos, abençoados e num caminho de crescimento. 
Gratidão por tudo, Ângelo. Por acreditar, por sonhar, por me lembrar que é possível ser feita de carne e osso nessa máquina de moer gente que é o Direito. Obrigada por lembrar que é possível.
Sentirei saudades, mas uma saudade com o coração cheinho de orgulho e felicidade. Nos encontraremos ainda pela estrada, sonhando e construindo um mundo melhor. Até o próximo giro, farol. Alumie.

Beijo!

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