Olá

Bem vindo a partes de mim



domingo, 27 de novembro de 2016

é difícil reacreditar no amor. Mais difícil ainda, penso eu, por ser o curso natural da vida, por ser o mais comum à trajetória. Dói ver que o amor, mesmo quando morre, quando fura, quando maltrata, renasce, floresce, arruma jeito de ser reeguer. E então sua dor já nem é tão sua assim, porque isso também passa, e mesmo você, que se via tão aprisionada ao sofrimento, que havia feito nele a morada e o ninho que iriam te proteger de futuras desilusões, mais uma vez se vê caminhando. Porque o que dói não é o fim do amor, o tiro certeiro que atinge o coração; o que machuca é ver o sentimento morto ao chão, depois de tanto cambalear sangrando. O que nos devasta não é sua morte, nem o luto, é o que acontece depois da morte, aliás. Retira-se o corpo, limpam as manchas de sangue, abrem de novo o trânsito. Pronto, já esta estabelecida a normalidade na salgado filho ao meio dia da segunda feira, sem memória, marca ou sinal que denuncie minimamente a tragédia da madrugada anterior.

é dia, a vida segue, e é isso o que mais dói.

sábado, 26 de novembro de 2016

solidão
as vezes nem é caminhar na rua sozinho
é quando a gente tropeça
naquela pedra enorme que esqueceram de avisar
machuca muito
mas você não fala nada
não quer incomodar ninguém

tropeça e quase cai
mas era o último da fila e ninguém viu
segue andando
o barulho do pedregulho rolando
já some em meio as conversas 

ninguém viu
a rua continua cheia
ainda te esperam
e, rindo, te mandam apressar o passo

seu pé dói muito
e só você sabe


domingo, 13 de novembro de 2016

oração ao tempo

sem medo. sem pressa.
oração à lua

agradeço por iluminar os novos tempos
por rasgar a noite escura
com a ferocidade que não víamos há 70 anos

por me fazer ver
em meio ao caos.
por trazer fôlego


respiro. sei que ressurges.
olho o céu e tenho calma
não preciso mais temer a ausência do sol
eu sei que a lua também me acolhe
e conforta


peço: se um dia puder ousar
que me ensine a renascer com tuas fases
a iluminar mesmo após o fim da esperança
a não ter medo de ressurgir