Olá

Bem vindo a partes de mim



segunda-feira, 27 de julho de 2015

Me acuda
respira fundo
poesia me acuda rápido

que se tu não me segurar
eu não sei quem faz

seu eu não lutar
eu não sei quem faz
mas eu sei
que não são eles

Se eu não questionar
quem vai?
Se eu tiver medo
Quem se atreve a ir mais?

Se não for a gente
se a areia não for pra debaixo de nossas unhas
e o suor não escorrer da nossa pele
vai na de quem?

Se eu não me seguro na poesia
eu despenco
eu caio e ninguém mais nem me vê
no chão

Se eu perco a fé:
em mim
alguém tem?
Se eu eu não enfrento
alguém?

É em causa própria
e a defesa vai escorrer pelos meus lábios
e o aviso é simples:

Não se atreva não,
não me passe não,
que se for me atropelar,
levo junto teu chão

Se for me derrubar,
se aquiete,
que é daqui mesmo que sai o impulso
de furacão


domingo, 5 de julho de 2015

Devaneio e gratidão

Inveja: o sentimento em que há medo. É o lugar escuro onde se tateia, sem esperança, as paredes dos outros procurando encontrar a porta pra si mesmo. Onde se tem desespero, habita o caos e é sondado pela ânsia.
É estar desabitado de si. Sem conexão. Fundo, bem fundo, mas ainda sem os pés acharem o chão.
Reconhecer no outro, quem queríamos encontrar em nós. Perceber-se enquanto aquém - e o outro, além, porem aqui. Aqui onde você crê ser o seu lugar. Aqui onde talvez já seja seu lugar, e você com medo, na ânsia, sem se achar merecedor, procurar se deslegitimar. E diz: olha cá! esse outro é bem melhor que eu. Igualzinho, só que melhor.
Inveja é saber, mesmo sem querer, mesmo evitando, que a gente não foge ao nosso destino. Interessante, até agora há pouco eu jurava que era bem o contrário. Era querer ser o outro, num era?
Só que querer ser o outro é também escapar de si, é procurar, em todas as brechas possíveis, uma chance de ser um alguém que não somos.
É ter medo. Do nosso futuro, do nosso presente e, principalmente, do nosso passado.
E as promessas que fizemos à nós mesmos? A inveja é confronto inadiável, inevitável e irremediável com o nosso próprio fracasso.
Não porque esse sentimento nos condena, mas pelo que ele carrega em si como atestado: há decepção.
Não obstante, por quando que há decepção, há consolo. Se há derrota, há esperança!
Dizer que não se é o que é de fato, e o que deseja, é dizer que ainda há mais pra ser. Se ainda há desgosto, há o que fazer. E a inconsolância é o tempero da mudança.
"bicho satisfeito dorme". E não somos satisfeitos, somos os que se insatisfazem! Somos o que pedimos mais, e não aceitamos o quase como resposta.
Inveja, enquanto dor e derrota de quem sente, cabe de ser também - à quem de si aceitar a lição -agente catalisadora de essência humana. Criadora e transformadora, pólvora da indomável explosão de nossa criatura.
- Renegar a própria sarjeta, inventar uma nova história, reconectar-se com seu eu interior -
São os passos do caminho que superar a inveja me dará.
É preciso derrotar a si mesmo para vencer consigo mesmo.
Gratidão pelos ensinamentos, que a energia que flui nesse mundo continue a nos elevar. Que eu seja sempre aberta ao bom do mundo, e me proteja do que há de mal.
Que eu não tenha medo de submeter nem de me elevar. Que a explosão do meu ser venha para me abençoar.
Caminho, Com cuidado, mas confiante, pois embora às vezes nos falte, tem chão.