Olá

Bem vindo a partes de mim



terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Dentro de mim uma poesia esforça-se para que eu a dê à luz
sentindo as dores do parto eu me estremeço
grito
corro
volto

como boa mãe não deixo que esse momento seja de trevas
te acalmo, sorrio
tento cantar sem saber
e até dançar
pra ver se tu consegue viver esse momento do jeito mais tranquilo

Quando finalmente consegues tirar a cabeça fora de meu corpo
se emborrece
chora
desiste de sair por completo e quer voltar
mas eu não deixo
agora que já saístes ao mundo és minha
e é dele também
não tem devolução
não tem troca
é viver e nada mais

Tenho que ser brutal
te empurro
me esforço
tens que sair
ganhar o mundo
deitar nas palavras
dar tua luz
para que eu me ilumine em teus versos
e minh'alma seja contemplada
com a mais pura verdade

Poesia, és tão sem rima
tão de última hora
tão sem zelo
que te peço:
faz em mim rima
seja minha primeira hora do dia
me trata com zelo
que sem saber fazer eu vou fazendo
sem saber escrever
eu vou escrevendo
pra poder dizer pra mim mesma
que no fim é só isso:
um corpo pede o outro
como a boca pede a cachaça
como os dedos pedem cigarro

E como a calmaria pede a tempestade


domingo, 11 de janeiro de 2015

Casa

Isso também vai passar.
Hoje, amanhã ou depois, tua falta virá me arrebatar como as ondas quebram na praia. Me virá no banho, no sono, na cozinha, enquanto cochilo, quando rio. Sempre que choro.
Teu abraço nunca mais vem me desembaraçar. Nem teu beijo me resgatar do fundo do mar. Nunca mais eu sinto o cheiro do teu pescoço nem tua barba me arranhando.
Nunca mais eu tenho paz.
Meu sofá não é meu.
Minha cama não é minha.
Eu não sou minha.

Eu não consigo voltar pra casa.

É o fim. É também o começo. Acabou há muito tempo, e na volta nos perdemos.
O caminho é escuro, é torto, é ruim.

Eu não sei voltar pra casa.

Quero teu beijo, tua boca, meus braços. Me devolva meu corpo, meus risos, meus anos, meus carinhos, minhas cartas de amor, os calafrios, os arrepios, os desejos, os sonhos também. Me devolva meus planos, me devolva meu amor. Me devolva você.

Eu não quero perder mais nem um segundo de você.

Volte pros meus abraços, me desembarace de mim, retire as confusões, os pesares, os erros. Vá limpando tudo até restar só o amor, só nós dois.
Tua falta me arremata. Em cada passo, em cada minuto, milhares de vezes.

Eu não consigo, eu não sei, mas eu quero voltar pra casa. Me encontre em casa, me dê um beijo e um abraço, Se deite comigo, seja cobertor, deixe que eu me borde em você. E aceitemos, a vida é assim mesmo. Nós somos de nós dois mesmos. E eu te amo.