Olá

Bem vindo a partes de mim



quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O peso do meu coração

meu coração tem a dimensão medida em estrelas
em cidade grande, quando tem muita luz
às vezes se encolhe
e fica difícil de saber o que é que ele diz

Aqui, já longe de tanta fumaça
a luz do homem é mais fraca e mais gentil
o céu fala melhor
e nos conta histórias 
de dragões, santos e reinos mágicos

Meu coração, pesado feito um saco de sonhos
caminha com a mesma segurança de um equilibrista 
que já até esqueceu como é andar no chão, sem medo de cair
gosta mesmo é da incerteza
do bambo da corda
do vai-não-vai

e é sabendo do perigo de cair
que meu pequenino coração pula fazendo estripulias
ora, se ao cair o ar te acolhe, num abraço suave
pra quê ter medo do chão?

O fim do caminho só existe quando não existimos mais
cada coisa é eterna em sua finitude



e, somos nós, poeira estelar
a infinitude em nós mesmos
nos imprimindo de amor em outres.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Como es vivir
de un amor
que no si puede
amar?

....


Meu coração grita alto
um grito indecifrável
um rugido
um estardalhar de peitos

Meu coração selvagem
só solta o grito
pra dizer que ama
e não quer ter medo
de amar

selvagem e primitivo
não soube ser domado
não deixou ser castrado
quer caminhar soberano
nas relvas do mundo

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A voz de Maria Bethânia vai preenchendo o ambiente e eu vou, suavemente, entrando em ressonância com essa energia tão boa. O ato de se conhecer demanda tempo e coragem. Demanda força e rebeldia, pra romper com os vícios de um mundo que não quer viver seu amor. Hoje, no presente sentimento de compreensão e ansiedade de ver o mundo girar, sou aquilo que se sente quando o vento arrebata os cabelos.
Minha beleza é enxergar no mundo a beleza dos detalhes. É sempre colocar cor no cinza, é sorrir sempre. Minha loucura é amar o dia a dia.
São grandes os descobrimentos, como também é grande o medo, que nos deparamos ao olharmos para nós. Mergulhar em si é abrir-se ao mundo - que você mesmo criou -, é escapar dos achares, dos gostos, das vontades. é desbravar a mata selvagem do coração humanos. É sentir-se, em última instância. Permitir que o arrepio cubra o corpo.
São tantos os desafios quanto boas são as glórias do se amar. Sentir-se é também se permitir sentir o mundo, ir além, conectar-se. Estar e ser presente. Passar e viver, absorver, deixar, compor. Gritar.
Descobrir o flor preferida, a melhor hora do dia, a risada mais gostosa. Descobrir o que é que mexe seu coração, o que te deixa à flor da pele. Afinal, para florir, primeiro tem que enraizar. Mas só reproduz quem floresce. Quem cresce.
Quem consegue descalçar os pés para caminhar na estrada interior. Estrada de terra batida, com tudo que puder haver (melhor ainda). Só é capaz de amar quem consegue andar descalço, e tenho dito!  Quem come com as mãos, quem cheira, quem beija, quem olha nos olhos. Quem sente. Quem se permite. Quem transborda. Quem não cabe (num sorriso, num abraço, num amor... precisa vazar pelos cantos a encher o mundo!).

Hoje, de aprendizados, tive muitos. Uma voz melodiosa me contou coisas que eu já sabia, e me ensinou tantas outras novas. Com muita magia e cor, descobri o que é o meu, e o que não é. Aliás, descubro, pois processo não possui término, e é melhor que seja assim. Evolução e transcendência. Hoje, uma voz me lembrou: amar e mudar as coisas me interessam mais. Hoje, eu me lembrei que a coisa que mais amo no mundo é amar.

Não sei mais que horas são, nem se ando correndo demais, mas é que a vida é tão ela pra ser pouca, e as horas são tão intensas para não serem de poesia, que agora eu só sei que, amanhecendo ou entardecendo, vai chover. Chover feito tempestade, lavando a casa, levando o que não me pertence e regando aquilo que é meu. O mundo é lugar maravilhoso. Tudo está conectado.
eu preciso que você vá embora. Que me deixe, que suma. Eu preciso que você saia de mim e que eu saia de você. Nossa história chegou ao fim, não adianta arrastar pra um caminho de dor e ilusão. Eu quero crescer, me expandir, conhecer o mundo.. E não posso fazer isso quando vivo um amor só. Não posso fazer isso se me toma os pensamentos a confusão que você faz em mim. Não existe outra solução que não essa. Não posso esperar de ti um companheiro que não és.
Eu preciso que você vá, porque me dói muito te ter. Te amo e não deixaria de amar da noite pro dia, mas preciso começar essa caminhada. Preciso passar por você. Quero que se vá. Creio que nossa jornada um na vida do outro já se deu - embora o infinito seja sempre tempo presente. Mas o que é teu não sou eu que vou te dar, nem o que é meu virá de você. Acho que já é hora de seguirmos. Não sem amor, não sem saudade - mas com esperança (do esperançar) e coragem.
Sigamos, separados, essa jornada linda da vida.
Luzes da cidade. É avermelhado com som de carros. Tem gosto suave de beijo de nuvem. Corra não pare, não pense demais. Repare nas velas do cais. Impermanência. Sentimento de onda vagando na praia. Calor humano. Calor que colore. Colore feito luz da cidade. As luzes da cidade que correm pelo teu rosto. Que dão adeus. As luzes que avermelham o céu. Da cor de cabelo. Cabelo que igual o meu me diz que tens problemas como os meus. Me diz com calma e serenidade. Conta uma história. Conta outra. Bebe café. Quer sorvete. Tem um beijo só. Um beijo só na história, mas eu vou repetir pra dizer que são mais. Pra dizer que todas as vezes que pensei em te beijar de fato beijei. Beijei porque precisava beijar. Porque sentia em todo o meu corpo. Sinto com tudo, sinto muito. Cada vez que pensei já foi uma vez que realizei porque se meu peito pulsa tão forte diante do teu e desmancho feito papel  o plastico de cafés então alguma coisa é, ora não ouse me dizer que não é porque se não for nada ao menos me deixe ser um beijo que molha essa boca como também molha o café que molha a minha que também toma sorvete como toma a sua e como as duas querem se tomar pois ora então se tomem, sorvete, café e bocas e se comam e se sintam como quem escuta um blues como quem não quer ir embora como quem gosta de ficar como quem ama a primeira vez como quem gosta de amar como quem ama tudo como quem ama o mundo como quem quer amar você.


*poesia em prosa depois de uma linda conversa sobre calor humano, estar presente e se conhecer. Ou pode ser também sobre as ondas que vagam na praia, o laranja do amanhecer o dia e cones.

sábado, 28 de novembro de 2015

Como pode
uma boca marcar
de forma tão suave
e tão profunda
a noite de alguém

indo já embora
teve um gelo que precisou molhar meu corpo
escorreu
molhando
salivando

salivando a boca de saudade
daquele beijo
com gosto de nunca mais

e justamente por teimosia
é que o nunca mais
pra mim
tem gosto de quero mais

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Adrina enche o ambiente com sua voz. Me ajudando a me pedir de volta de tu. Não é fácil, nem um pouco. Difícil te agarrar pra fora do peito que te acolheu tão bem. Abri as janelas, limpei as cortinas. Fiz café. Uma sobremesa, ao final. Te acolhi como quem guarda precioso regalo. Com quem sabe que as imperfeições e imperfeições fazem da pedra a joia. Do Pedro, a joia.
Não é simples te tirar. Como quem fez bom gosto da visita, mas nem por isso pretende morar, você se delonga a sair. Finge que vai e volta. Esquece de propósito um chapéu, as cuecas. As vezes um beijo. Qualquer coisa só pra voltar, tomar um café. Mas nunca ficar. Nunca tirar os sapatos.
Não deixa meu chão tocar teus pés, tem medo. Um medo tão seu que seria covardia minha atribuir culpa a mais alguém. Você o alimenta só. É você que o acoberta e incentiva. Você que o deixa crescer e enraizar no teu corpo. É você que tem medo de ser feliz e de ser mais - tanto que seus inspiradores te dizem o contrário...
E no discurso até fica bonito. Mas quem te conhece sabe. Não é capaz de aceitar amor bem dado.
Ou, simplesmente, não queira este amor. É uma possibilidade também. E das minhas teorias é que a mais me dói, justamente por não dizer nada, ser apenas o ponto fechado em sua própria crueldade. A verdade mais sem sonho que existe.
Todavia, esse texto era pra eu aprender a me despedir. Não o primeiro neste tom e provavelmente não será o último. Mas de vez em vez eu crio mais força e coragem. Te desapegar é difícil, me sinto quase que em remoção cirúrgica. Tudo para ter o cuidado de preservar meu peito ao te arrancar dele.
A obrigação já me chama há horas, e o café que fiz pensando em estudar se consome todo nessa nossa conversa paralela. Paralelas porque eu sei, assim como Belchior devia saber, que você também conversa comigo por aí, sozinho.
Grande parte da dor e do esforço de te deixar ir embora é dos meus sonhos que ainda tem alguma esperança te de fazer gostar da morada. Mas como eu mesma escrevi uns meses atrás "essa danada esperança/Sempre nos deixa esperando/sem avisar que nunca vai chegar". Talvez já seja hora de assumir a lição.
Pedro, que de tanto amor em mim tu só tenha bebido a rasa água daquela cachoeira em Bonito, é uma pena.
Mas acredito que agora eu vá ficando sem opções pra criar ilusões e me enganar. Talvez seja hora de encarar o fático destino. E te deixar ir. Não mais vale te prender aqui...
Seja livre pra seguir seu destino, com muita felicidade e carinho. Que flores nasçam no teu asfalto.
As cenas correm na minha mente. Blusa azul de frida no teu sofá. O melhor abraço já provado, com o encaixe feliz de almas que se abraçam. Vestido vermelho chorando no carro. Amor pela primeira vez dito como tal. Um adeus em frente ao bar. Uma mão no meu seio e uma boca que me chamava gostosa. Duas mãos dadas bebendo vinho. Por último, um beijo que me diz, de dentro do elevador, "vá procurar alguém que te mereça. Eu te amo, do meu jeito, mas amo."
Queria dizer que vou, imediatamente. Mas seria uma verdade pouco válida nessa altura do campeonato. Vou ja ja, daqui a pouco, mês que vem talvez. Ou no próximo ano que já se aproxima, me lembrando que faz um ano que nos conhecemos em breve.
Mas eu sei, eu sei. O talvez que disse há pouco aqui já não cabe. É hora de te deixar ir. Vá.
O café ficou frio. A voz mudou, agora foi pra Ana Carolina (tortura do destino). Mas vou te deixar ir. (A resistência de acabar o texto se assimila com o conteúdo dele).

Menino, te deixo ir. Embora te ame. Amo. Mas amor não configura posse. E, no caso, nem mais esperanças. Seja do mundo.


NÃO É AMOR


Nunca foi
Esse seu cheiro que me invade quando o vento toca o rosto
Não pode ser presságio de amor

E quando teus olhos
me lembram a imensidão do mundo
E me acalentam a alma
é só um suspiro,
mas amor não é

E minha boca
quando deseja a tua tal qual alimento
quando chama teu nome à noite
e geme
é só dialogando com o acaso

Minha pele
que se arrepia ao menor contato com a tua
só sente frio
porque amor não dá essas coisas

E meu peito, quando grita pelo teu
querendo que essas duas ondas se esbarrem
formando mar

Mar
que foi teu primeiro nome
Na nossa história
O mar
quando me lembra que existe amor
é só porque as ondas varrem a terra
e apagam qualquer rastro

Quando eu te amo
todas as vezes
que te amo
não são por amor

Não são e nem podem ser.

Se te quero,
quando quero
Não é amor. É precipício.
É o olhar no infinito
quando acaba o chão
e a gente se vê mundo.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

NO DIA QUE ME DESCOBRI MULHER


Quando eu nasci
era tudo rosa
me disseram menina
e, sem querer
me deram nome que não tem sexo - tem flor


Quando eu cresci
não podia brigar
não podia subir em árvore
olha o fogãozinho!
fechas as pernas meninas
não se suja, isso é coisa de menino

Depois, aprendi a ser moça
Mulher difícil é que o homem gosta!
Aprendi a amar meu marido acima de tudo
e que quem ama, perdoa
(tudo)


Mas um dia,
por erro de cálculo
ou por falta de vigio
eu me descobri mulher.
Os dedos escorreram entre as pernas
eu descobri o prazer.
Os olhos viram nas outras, irmãs
eu descobri não estar só.
Os punhos se ergueram no ar
eu descobri como lutar.

Quando a gente descobre
qual o lugar que nos foi dado na sociedade
e que dele só servimos, algo muda.
Quando a gente descobrem que só nos calam por medo do nosso grito.
o pulmão enche de ar
Porque daqui, da minha luta
eu não estou só.
Eu estou mais forte,
eu caminho melhor.

No dia em que me descobri mulher
descobri que há um rasgo
no corpo, na alma
que me diz
em contra-grito ao resto do mundo:

floresce, menina




POESIA QUE SE COME CRUA

Eu sou poesia que se come crua!
Ora se ao passo que caminho no mundo
Me pedem cuidado
Enfeites
Mentiras

Se afastem:
que de mim nada escorre além da acidez da verdade

Se me corrigem o passo torto
e julgam errado meu caminho
Pedem menos cor
Tiram minha dor
Gritam para meu encolhimento

Fiquem logo sabendo: a minha poesia se come crua

Eu sou os versos que ganham vida nas mãos cansadas
A verdade que exala dos poros
Sou o que a gente diz quando falta palavra e só sobra o (arrrrrrrrr)

A minha poesia
não tem tempero
não é forjada no fogo
não se adapta
não foge à si

Minha verdade é para se comer crua!
Não me digam mentiras
Não esperem a obediência

Minha poesia, que nasce do céu e brota desse chão
É feita pra se comer crua - e que não venham os homens tirar minha cor
minha dor

Porque eu fui feita assim: crua, nua.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Há um ano atrás, Natal viu o que foi provavelmente seu maior ato de rua (pelo menos desde a redemocratização) manifestando o apoio à candidatura de Dilma Roussef. As ruas se encheram de vermelho, roxo, várias cores... O povo gritava e pedia Dilma como presidente. O povo tinha medo de retrocesso, da fome, da falta de dinheiro, da falta de direitos, da elite.

Mas hoje, um ano depois, o povo não mais pede Dilma. E nós, que nos propusemos à militar em um partido de esquerda vamos dormir com medo. 

O governo descumpriu muito do que esperávamos e concretizou muito do que temíamos - pouco do que esperançávamos. Sofremos com a nomeação das/os ministras/os e com o ajuste fiscal, agora choramos os retrocessos nas políticas para mulheres, a aprovação do estatuto da família, e o pagamento nos cursos de pós graduação. 

É certo que existem muitos erros no caminho. Que a opção pela conciliação de classes cobra preço alto e que quem o paga é o povo, já está estampado. Sabemos que ainda há muito para ser conquistado - e muito mais para não deixar tirarem de nós! - e é preciso ter ânimo e esperança nessa caminhada de luta.

Mas, mesmo diante de fortes decepções e desilusões, hoje, mais do que ontem e antes, eu compreendo a importância de se defender um governo democraticamente eleito. Depois de ver o fascismo de perto (e de longe também), de saber que existem figuras como bolsonaro e cunha querendo dominar a política brasileira e que quem sempre teve privilégios não poupará esforços para não perder-los. eu vejo ainda mais urgente a necessidade de nos unimos e lutarmos.

Se não formos nós, quem será? 

O outro lado está organizado e preparado, possui as armas, a mídia e o dinheiro. Nós temos a fome, a coragem e o sangue. Pois então que usemos tudo que nos resta, para ir além e não ter medo. Para falar, à cada um e todos que a democracia e os direitos humanos são o canal para uma sociedade melhor. Que não podemos deixar-nos enganar por aqueles que só querem nos explorar e calar.

Hoje, mesmo pedindo união e coragem, o que mais sinto é medo (também impulso transformador, mas com pesar...).

Sinto medo porque sou mulher, e não sei se posso sair na rua.
Sinto medo porque posso ser estuprada, e não sei se vou receber o melhor e devido tratamento.
Porque posso correr o risco de ser mãe indesejavelmente, e não poderei me cuidar.
Se engravidar, não poderei abortar. Serei bandida de abandonar. Não trabalharei ou serei bem paga se criar.
Sinto medo porque sou militante. Acredito e sonho em uma sociedade diferente, encontro em companheiras e companheiros a vontade de construir juntas. 
Sinto medo porque posso ser agredida ao usar roupa vermelha. Sinto medo porque não haverá ninguém pra defender.
Sinto medo, por mim e por aqueles que partilham do mesmo rasgo de nascença ou dos mesmos sonhos que eu. Porque, aqueles que nos querem extinguir enxergam na nossa vida um nada muito fácil de tirar.


Hoje, o medo me toma porque o futuro é incerto e angustiante. Peço, amigas, colegas, desconhecidas, quem quer que seja que venha a ler esse pequeno texto: não se deixem enganar. Lutem pelos direitos humanos, pela igualdade, pela democracia e pela dignidade. Não deixemos que o fascismo e o ódio cresçam e floresçam onde a dúvida.

Vamos, juntas/os lutar para que o programa eleito em 2014 se concretize! Que o governo democraticamente eleito continue, mas mude drasticamente sua postura.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

revirei a noite toda
me neguei a entrar no carro
depois me neguei a sair
me neguei a subir as escadas
a abrir a porta
a do quarto foi a que mais doeu - ainda via seu corpo a cochilar na cama


me neguei a dormir,
a para de chorar
a esquecer seus labios, seu cabelo, sua pele
minha mente passeava por você todo, cada centímetro, cada canto
e meu amor escorria de mim se esparramando ao chao

molhava o travesseiro
molhava os lençóis
embebia a cara

me neguei, mais do que nunca, a perder você

Tive tanto medo essa noite
tive tanta franqueza
tive tanto amor pra dar,
que não coube em mim - vazava pelos olhos a encher o mundo

Eu, de fato, tive dúvidas se iria sobreviver
mas, eu que já tinha negado tudo, não podia negar o amanhecer

A chuva começou a cair
pensei: claro, tinha que ter
combinava com a climatologia do meu coração

levantei, o sol, já nascido, se escondia atrás das nuvens
Chorava que nem eu
Mas qual não foi a minha surpresa
quando, contrariando todas as expectativas do céu que tinha se fechado
o sol esqueceu de chorar
se espremeu pelas nuvens
raiou o dia

secou a água, afastou a escuridão
me abraçou
e eu pensei "isso também vai passar"

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

DO AMOR

Eu creio que tenho dificuldades de lidar com o amor. Sempre tive medo das incertezas e dos precipícios (apesar da vertigem querer e jogar), sempre fiquei no quase achando que era tudo, e no medo por falta de coragem de ser mais.
Em contrapartida, sempre dediquei ao amor tudo de mim. Mesmo ele sendo só uma pontinha, eu ia de cabeça. Mergulhava com vontade em riacho seco! Tinha tanto medo de ser pouco no amor, quer era demais. Vivia em desassossego, com medo da água secar e no amor acabar. Vivia me preocupando com cada passo, na angústia de que no próximo, meu amor se acabasse.

O amor pra mim sempre foi a vertigem diante do precipício: aquele desejo bem fundo de ir embora, mas com medo de se jogar. Aquela coisa racional que te diz que não pode, mas que quando vê, dentro de você só pulsa o anseio, e seu corpo já pende de um lado pro outro. É o olhar no infinito, quando acaba o chão e a gente se vê mundo.

Eu já tive amores que me contavam piadas, amores que declaravam eternidade. Amores que choravam, que se doíam - que me doíam. Tive amor pra chamar de amor, e pra ir fundo.
Mas eu nunca tinha tido amor de domingo.

Amor de domingo é aquele que chega mansinho, te agarra pela cintura e cheira o pé do ouvido! Amor de domingo é quando o céu fica de um azul bem clarinho, mas o sol não arde nos olhos. É quando tem um ventinho refrescante te abraçando na rede.

Amor de domingo, é o que dá descanso de toda uma semana e prepara pra próxima. É quando a gente atinge um estado de calmaria. Sorri devagarzinho, se ajeita nas cobertas, e se recusa levantar da cama tão cedo!
Ora, se me perco em frases etéreas é porque não encontro nome mais dócil e lindo pra esse amor que um domingo. É paz, é firmeza e é cuidado.

Muitas vezes, por justamente saber pouco do amor, questionei - e até esbravejei - "não me ama!!". Perdoe o drama, é que ainda me acostumava com o ritmo despreocupado do domingo. Mal sabia eu que o amor onde eu procurava, jamais poderia achar. Amor eu acharia noutros cantos.

Não acharia o amor nas constantes e demoradas declarações. Não veria seu rastro na veneração e nos elogios ininterruptos. Jamais, de forma alguma, poderia encontrar o amor no total esquecimento do seu ser em detrimento do meu, ou vice-versa.

Mas, na reviravolta, descobri um amor ainda mais lindo, ainda mais meu. O reconheci no sorriso leve de olhar nos meus olhos e acariciar minha alma. Ele estava nos alertas e nas preocupações com meu bem estar e, principalmente, com meu desenvolvimento.
Meu amor de domingo, eu o enxerguei na doçura que se esconde no dia a dia, na vontade de dormir juntinho, no encaixe dos corpos e na falta de medo.

Não me amedronta se a realidade nos apartar, desde que sua felicidade e a minha sejam plenas. Não me aterroriza nossa distância e a rotina, se estamos em paz. Me acomoda a firmeza, o cuidado e o xerinho no ouvido.

Me arrebata, a brisa de domingo no calor do verão.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

EU VI DEUS


Eu vi deus
e era uma mulher preta

Era uma mulher que me sorria, pedindo pr'eu cuidar de suas netas
Que me dava a missão
como quem recomenda o tesouro mais precioso
e eram

Eu vi uma mulher preta
Que me sorria, desejava boa noite
pra senhora também

Era preta. E sua pele era sofrida.
Mas sua boca sorria, e não tinha ódio
E pouca era a dor, calada diante de tanta esperança

Mas naquele corpo, naqueles ombros
Já se subiram as filhas, as netas, o mundo
A responsabilidade, a fome

o medo


Subiram os amores, os risos
A fé
Subiram como ela subia a ladeira, que dava em casa
Em Deus, subiram os sonhos.
Maiores que os meus, que os de todos ali

Era preta. Preta e sonhava.
Muito menos do que suas netas viriam a sonhar
muito mais do que a realidade queria permitir

Deus, que era mulher, que era preta
Que queria que eu cuidasse de suas netas
Que me recomendava com carinho
Que me dava boa noite e adoçava o café
Sonhava.

E mostrava, e fazia
que mesmo que te digam não
que mesmo que te tirem tudo
que te deem nada
Que DIGAM que você é nada
Deus era. Era mulher, era preta e era flor.

Floria de sonhos a vida, a boca e o destino

é garra, é força, é luta

Luta que não é mais só sua, é minha também.
É nossa.
Porque eu vi deus.
Eu olhei seus olhos e eu vi deus.

me deu missão -  eu cumpro.

Cê cuida delas?
Podexá,  a gente se cuida.


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Escorro por baixo das pedras
as vezes por cima
as vezes por dentro

me deixo levar pelo vento
faço tempestade
quando resolvo cair do céu

eu gosto de salgar teu lábios e parti-los
De depois adocicá-los e acalmar seus ferimentos
quando os limpo

Gosto quando passeio pelo teu corpo acariciando
conhecendo tudo que se há para conhecer por cima e por baixo dessa pele
me deslumbro e quase tenho papiltações
quando você mergulha em mim,
de cabeça

Todos os dias, neguinho
tu se banha em mim
sem nem saber, o tanto do amor que eu tenho
e quanto minhas águas festejam
quando tu vem com teu sol
pra dentro delas

Se um dia, neguinho
tu souber do meu amor
Vem correndo da praia
que minhas águas querem te banhar
como sempre
como nunca

sábado, 15 de agosto de 2015

minha poesia nunca quis rimar
nunca teve intenção de ser lida

Minha poesia nunca foi espetáculo

ela não será lida, não será ouvida
e não será lembrada

minha poesia
é só pra me desafogar
é pra me parir
é pra eu começar a me doer

Minha poesia, só serve pra uma coisa:
me trazer à tona
me deixar às margens de mim

A flor, na pele
aflor (cr)es cer
à flor da pele

Assim como eu
não deixa rastro
não procura holofote

vai deixar sua marca cravada na pele
sua leitura só se chega nos olhos que a procuram
ávidos, sem medo
encontram seu destino

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

é preciso que seja dito:
as incertezas desse mundo me doem
saber que tudo parece tão sem jeito
e que os erros só se repetem

e que quem domina vai comtinuar dominando
quem sofre vai continuar sofrendo
e tud parece que é em vão


é preciso que se reafirme:
que medo me dá saber que ainda tem tanto mundo pela frente
mas que ele é todo nesses moldes
de incerteza
e solidão
e maldade

Não concebo como é viver sem amar
Sem que pisar o pé nú seja a coisa mais importante do mundo
e respirar ar puro o essencial pra ser feliz

O que eu quero dessa vida é me jogar
sair por ai, só despejando amor
exalando felicidade
vibrando paz
e amar, amar, amar

O que eu quero dessa vida é saber
que minhas irmãs
e meus irmãos
são livres; são felizes
e vivem

O que eu quero
é lutar até a última gota de suor
chorar até a última lágrima
que nós tire desse mundo vadio

Que nos eleve à calmaria.
À um mundo em que viver seja o importante,
buscar a plenitude seja o prioritário

e amar
e amar
e amar
até o mundo se acabar

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Me acuda
respira fundo
poesia me acuda rápido

que se tu não me segurar
eu não sei quem faz

seu eu não lutar
eu não sei quem faz
mas eu sei
que não são eles

Se eu não questionar
quem vai?
Se eu tiver medo
Quem se atreve a ir mais?

Se não for a gente
se a areia não for pra debaixo de nossas unhas
e o suor não escorrer da nossa pele
vai na de quem?

Se eu não me seguro na poesia
eu despenco
eu caio e ninguém mais nem me vê
no chão

Se eu perco a fé:
em mim
alguém tem?
Se eu eu não enfrento
alguém?

É em causa própria
e a defesa vai escorrer pelos meus lábios
e o aviso é simples:

Não se atreva não,
não me passe não,
que se for me atropelar,
levo junto teu chão

Se for me derrubar,
se aquiete,
que é daqui mesmo que sai o impulso
de furacão


domingo, 5 de julho de 2015

Devaneio e gratidão

Inveja: o sentimento em que há medo. É o lugar escuro onde se tateia, sem esperança, as paredes dos outros procurando encontrar a porta pra si mesmo. Onde se tem desespero, habita o caos e é sondado pela ânsia.
É estar desabitado de si. Sem conexão. Fundo, bem fundo, mas ainda sem os pés acharem o chão.
Reconhecer no outro, quem queríamos encontrar em nós. Perceber-se enquanto aquém - e o outro, além, porem aqui. Aqui onde você crê ser o seu lugar. Aqui onde talvez já seja seu lugar, e você com medo, na ânsia, sem se achar merecedor, procurar se deslegitimar. E diz: olha cá! esse outro é bem melhor que eu. Igualzinho, só que melhor.
Inveja é saber, mesmo sem querer, mesmo evitando, que a gente não foge ao nosso destino. Interessante, até agora há pouco eu jurava que era bem o contrário. Era querer ser o outro, num era?
Só que querer ser o outro é também escapar de si, é procurar, em todas as brechas possíveis, uma chance de ser um alguém que não somos.
É ter medo. Do nosso futuro, do nosso presente e, principalmente, do nosso passado.
E as promessas que fizemos à nós mesmos? A inveja é confronto inadiável, inevitável e irremediável com o nosso próprio fracasso.
Não porque esse sentimento nos condena, mas pelo que ele carrega em si como atestado: há decepção.
Não obstante, por quando que há decepção, há consolo. Se há derrota, há esperança!
Dizer que não se é o que é de fato, e o que deseja, é dizer que ainda há mais pra ser. Se ainda há desgosto, há o que fazer. E a inconsolância é o tempero da mudança.
"bicho satisfeito dorme". E não somos satisfeitos, somos os que se insatisfazem! Somos o que pedimos mais, e não aceitamos o quase como resposta.
Inveja, enquanto dor e derrota de quem sente, cabe de ser também - à quem de si aceitar a lição -agente catalisadora de essência humana. Criadora e transformadora, pólvora da indomável explosão de nossa criatura.
- Renegar a própria sarjeta, inventar uma nova história, reconectar-se com seu eu interior -
São os passos do caminho que superar a inveja me dará.
É preciso derrotar a si mesmo para vencer consigo mesmo.
Gratidão pelos ensinamentos, que a energia que flui nesse mundo continue a nos elevar. Que eu seja sempre aberta ao bom do mundo, e me proteja do que há de mal.
Que eu não tenha medo de submeter nem de me elevar. Que a explosão do meu ser venha para me abençoar.
Caminho, Com cuidado, mas confiante, pois embora às vezes nos falte, tem chão.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Faixa de Gaza

Meu coração dá tiros de alegria toda vez que encontra com teu sorriso
E o mais lindo é que a partir de agora é tiroteio o dia todo
Parece zona de guerra
e eu tô achando é pouco! Por mim se acaba o mundo e a gente não para
(de se amar)

Vem com esses olhinhos apertados de dar bom dia
e me dizer que ainda há esperança
ainda há luz
ainda há fé após o caos

"Ainda há quem dance, ainda há quem ame"

Ainda há felicidade
E aprendizado
em todos os passos tortos que nos trouxeram até aqui

O caminho que fizemos é lindo
É luta, e é também dor
mas amor, acima

Que o futuro se faça gracioso
com calma, bem devagarzinho
como quem vai dar cheiro no pé da orelha
E se tiver espinho, a gente passa
Se tiver buraco, a gente desvia
se tiver medo, a gente rasga

Se tiver nós dois
se tiver esse encontro de almas
pode ficar tranquilo, que desprotegido a gente não fica:
meu coração dispara toda vez que tu chegar perto


domingo, 10 de maio de 2015

o gosto amargo que é achar a doçura dentro da tua boca,
da teimosia que é te querer
e o desejo gritando pelo meu silêncio


Por que eu ainda quero se eu já sei que não é pra ser?

é pra acabar, tem que acabar, vai acabar

mas depois de tudo isso, quando a poeira baixar
se seu perfume ficar aqui pela casa
se seu peito ainda for o melhor travesseiro
e eu sentir o peso do seu corpo do lado da cama mesmo sem você estar
e se eu tiver saudade
se eu tiver amor
se eu tiver você morando aqui nesse corpo comigo
não me culpe
eu juro que tentei
mas é que seu perfume é tão bom
teu lábio é tao macio beijando meu olhos
e esse seu cabelo é tao lindo
que é ate maldade dizer não
todas as vezes que sua lembrança bate na minha porta

a culpa não é minha
eu tentei
mas é que eu abri a porta e ela já foi entrando...
(sem nem pedir licença, sem nem se anunciar)
parecia que já era dona da casa

e era.

domingo, 22 de março de 2015

Tua filosofia é de concreto
Assenta o piso e sobe parede firme

A minha é de água, flui com o vento
e se espalha por todos os cantos

Não se levanta nem afronta ninguém
mas toca tudo e está em todos

Você constrói um mundo real
Mas eu não,
Eu não sei fazer em preto e branco
E quando mais pareço forte
é que sou mais fraca

Porque eu possuo as cores
eu tenho sabores
e tirá-los de mim é como arrancar minha própria carne

Eu não sei fazer como tu quer
Eu não sou o que tu quer

E a impermanência traga pra dentro de si
o cigarro da nossa história

solta a fumaça

já não é nada

são as cinzas que ela deixar cair ao chão

quarta-feira, 4 de março de 2015

Tardei. E continuo retardando meu caminhar. Sabotei minha pressa e meu andar ligeiro, que era para não ter o perigo de rápido demais sem aproveitar a vista; que era para não ir sem digerir bem os fatos.
Vou devagarinho pra não faltar amor, nem fé. E mesmo assim, às vezes falta. Onde é meu lugar? Que caminho é esse que trilho agora?
Desci pelo rio e recolhi meu coração que havia ficado por ali em uma de suas curvas. Desviei dos buracos, subi com calma e medo de cair, mas ainda assim não foi suficiente.
Quem somos nós? Estamos fazendo o que de nossas vidas?

Eu devia ser mais forte, ter mais fé, não ter medo. Devia ter mais coragem, ir além, desejar com força.
Mas no final das contas, quem sou aqui? E aliás, quem eu deixo se fincar na minha vida?
Quem são essas pessoas?

Sem piedade de mim, sem me elevar além do que sou. Na medida correta; na esperança de que o que é meu me encontra, e que aquilo que não é eu terei a sabedoria para deixar ir.

Tenho medo, tenho dor - e mesmo assim não me permiti chorar. Me escute doutor, eu sofro de continência de tristezas! E como eu supero verdadeiramente aquilo que não me permiti sofrer, sentir ao máximo?

E como eu faço com o desejo que eu matei, com a fome que comi, com a sede que ignorei? Com o amor que esqueci, com o que não me permiti?

Não se vive a vida em dois dias - mas os dois dias já compõe sua vida.

Enxergue os fatos, vá devagar. Sinta. Se permita sofrer, e ser feliz, e ser mais. Se permita ficar à flor da pele. Mas não deixe seu corpo aberto, não seja cemitério para quem quer apenas descansar os ossos - ame quem tu és.

(E se e permita ser amada)

Aprenda que cada um possui um ritmo, uma luz, uma singularidade. E ame-as.

Sem mais, sigo meu caminho de peito aberto para conhecer o novo, e estômago pronto para digerir o vivido. Vou devagar, tardo em meus passos, mas vou em meu ritmo, vou com coragem: de ser quem sou, de mostrar quem sou.

"Seu moço! Troco 3 quilos de pressa de viver por 1 de esperança e 1 paciência!"

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Se tentar me derrubar eu corro
Se me der rasteira eu pulo
Se tentar me agarrar eu esperneio

Mas às vezes eu também caio
Eu também choro
Eu também tenho medo
Eu também travo

Geralmente eu sorrio
Mas tem dias eu também não faço sol

Queria comandar meu coração
e tem dias que eu até comando
Porém
esse danado tá fazendo revolução aqui dentro e não me escuta mais
Saiu desgovernado e sem cabresto

Tem dia é sol
Tem dia que é mar
Tem dia que não é nada não
Mas tem dia que é tudo de uma vez só

Se tentar me derrubar eu corro
Se me der rasteira eu pulo
Se tentar me agarrar eu esperneio
Mas se fizer isso com meu coração,
pode ter certeza
ele cai.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Dentro de mim uma poesia esforça-se para que eu a dê à luz
sentindo as dores do parto eu me estremeço
grito
corro
volto

como boa mãe não deixo que esse momento seja de trevas
te acalmo, sorrio
tento cantar sem saber
e até dançar
pra ver se tu consegue viver esse momento do jeito mais tranquilo

Quando finalmente consegues tirar a cabeça fora de meu corpo
se emborrece
chora
desiste de sair por completo e quer voltar
mas eu não deixo
agora que já saístes ao mundo és minha
e é dele também
não tem devolução
não tem troca
é viver e nada mais

Tenho que ser brutal
te empurro
me esforço
tens que sair
ganhar o mundo
deitar nas palavras
dar tua luz
para que eu me ilumine em teus versos
e minh'alma seja contemplada
com a mais pura verdade

Poesia, és tão sem rima
tão de última hora
tão sem zelo
que te peço:
faz em mim rima
seja minha primeira hora do dia
me trata com zelo
que sem saber fazer eu vou fazendo
sem saber escrever
eu vou escrevendo
pra poder dizer pra mim mesma
que no fim é só isso:
um corpo pede o outro
como a boca pede a cachaça
como os dedos pedem cigarro

E como a calmaria pede a tempestade


domingo, 11 de janeiro de 2015

Casa

Isso também vai passar.
Hoje, amanhã ou depois, tua falta virá me arrebatar como as ondas quebram na praia. Me virá no banho, no sono, na cozinha, enquanto cochilo, quando rio. Sempre que choro.
Teu abraço nunca mais vem me desembaraçar. Nem teu beijo me resgatar do fundo do mar. Nunca mais eu sinto o cheiro do teu pescoço nem tua barba me arranhando.
Nunca mais eu tenho paz.
Meu sofá não é meu.
Minha cama não é minha.
Eu não sou minha.

Eu não consigo voltar pra casa.

É o fim. É também o começo. Acabou há muito tempo, e na volta nos perdemos.
O caminho é escuro, é torto, é ruim.

Eu não sei voltar pra casa.

Quero teu beijo, tua boca, meus braços. Me devolva meu corpo, meus risos, meus anos, meus carinhos, minhas cartas de amor, os calafrios, os arrepios, os desejos, os sonhos também. Me devolva meus planos, me devolva meu amor. Me devolva você.

Eu não quero perder mais nem um segundo de você.

Volte pros meus abraços, me desembarace de mim, retire as confusões, os pesares, os erros. Vá limpando tudo até restar só o amor, só nós dois.
Tua falta me arremata. Em cada passo, em cada minuto, milhares de vezes.

Eu não consigo, eu não sei, mas eu quero voltar pra casa. Me encontre em casa, me dê um beijo e um abraço, Se deite comigo, seja cobertor, deixe que eu me borde em você. E aceitemos, a vida é assim mesmo. Nós somos de nós dois mesmos. E eu te amo.