És altamente corrosivo. Inconsequente e ofensivo. Tendes ao martírio e ao sacrifício de tudo aquilo que pode te prender, ou te fazer amar. Ou talvez seja apenas comigo. Mas a verdade é que esta tua sede de vitória, teu medo de perder e de amar me deixa irada. Tu me deixas louca. Mas talvez seja por efeito desta mesma loucura que não consigo evitar-te, ou vencer-te.
Deixo-me perder, rendo-me às tuas mentiras e piadas. Me arrancas sorrisos com a mesma facilidade com que arranca as palavras de ódio. Fez-me de brisa e poesia. Fez-me céu conturbado e tempestade de verão.
Vivemos em sintonias incoerentes, que quando aproximam-se logo repelem-se, agridem-se, mas logo depois se reaproximam, e chegam a acreditar que desta vez possam se tocar, mas é apenas uma ilusão.
No entanto, sem nexo ou propósito, eis que algo surge em mim. Uma esperança talvez, ou algo mais forte e decisivo, ao qual tento reprimir, mas que, embora meus esforços, insiste em existir e, pior, alojar-se em meu seio, longa e profundamente.
E assim, talvez mantendo esperanças remotas e errôneas, espero pelo dia em que ei de te encontrar caminhando por ai, e então perceber, que agora estás pronto para mim.